1. |
Jangadeiros Alagoanos
01:16
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2. |
Tarde no Walkiria
03:31
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Estive um tempo preso
em volta de três paredes
de alimento eu tinha o copo
que arrebentava minha sede
Por dias não tive o banho
vendo o dia de uma fresta
um fio de luz na testa
dormia numa fotografia
percebi a minha cor
percebi também o amor
na mão preta de Maria
Mochila de travesseiro
no solo de um prisioneiro
improvisei no chão encardido
forrando a cama de camisa
Assim foi há 05 anos
numa tarde quase noite
numa cela, vala: Antares
Ares do Antes, da vida
3h da manhã esperando o sol nascer
só para ver a luz de cristo aparecer
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3. |
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Quando você se virou pra mim
eu pude ver enfim
que tudo tinha jeito
chegando sem aviso
foi que o teu sorriso
tornou tudo perfeito
na falta do teu colo
a sorte me ignora
saudade que dá nó no peito
e hoje chora
se o amor é alimento
a fome da presença tua
vai morrendo quando
eu chego na tua rua
sob a noite banhada
no frescor da lua
você sorri ao me ver chegar
Quando foi que dei por nós
morava a tua voz
no meu bom pensamento
chegando sem bater
assim, meu bem-querer
num lindo sentimento
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4. |
Palavra de Amor
03:59
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Vou te falar as coisas que pensei
Ouve essa gravação do celular, fica aí
foi no teu nome que pensei,
quando o violão peguei e o samba escrevi
Eu não sei o que esperar de você
passo horas sozinho, esperando um “oi”
você tem sorte que não vejo
e às vezes viajo, esqueço o que já foi
porque tinha de ir,
nem vai ficar guardado
não estou magoado
mágoa não é palavra do amor
A gente se entende no olhar
é clichê, não vamos discutir
Então vem o fim de semana
e mesmo com pouca grana, chamo pra sair
Simplesmente é assim que é
O nosso papo flui, zero caô
e numa frase em destaque
você me diz que o toque é o sotaque do amor
porque tinha de ser
no lençol amassado
manhã de feriado
leveza é a certeza do amor
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5. |
Um Talvez Nome
03:54
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Na contramão da orla
de manhã na escola
mais um dia insosso
compartilhamos o leito
e recostada ao meu peito
dormes na hora do almoço
toda tarde pro trabalho
ônibus atrasado
vida de carne e osso
tu vens de noite, cansada
vês novela, enrolada
num roto lençol grosso
você toda discreta
na sua bicicleta
apaixonava esse moço
assustada dormindo
na preguiça do domingo
apaixonava esse moço
visitava meu casebre
policiava minha febre
beijava meu pescoço
conversa de livraria
prefácios, psicologia:
títulos e alvoroço
você toda discreta
na sua bicicleta
apaixonava esse moço
assustada dormindo
na preguiça do domingo
apaixonava esse moço
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6. |
Dr. Manoel
04:00
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Venho notado nas caras das pessoas
um ar de tristeza presente em minha geração
eu mesmo não resolvi uma história
com uma pessoa a quem me deu a mão
E me falam para eu continuar fazendo música
o que sempre amei, compor e dividir canção
mas dentro dessa cidade estranha
junto a moeda pra comida e pra completar a condução
Impera em mim um certo ar de vaidade besta
como se alguma coisa fosse ser compositor
eu vou contando a história como ela é
meio diferente da arte de um ator
Me divido entre ambições mesquinhas
como ter uma casa igual aquele bacharel
pensar num mundo pros meus filhos
ser chamado de Dr. Manoel
E uma certa nostalgia da velhice,
repetindo certos movimentos de meu pai
Renata, amiga, tu ostentas a lamparina
no intervalo da minha fala, da minha queixa
Não vejo o mundo só sob a ótica marxista
mas compreendo o mundo e as lutas sociais
observo a vida dos trabalhadores
do Brasil profundo, para além dos litorais
Observo também o poder comovente da coragem alheia
o vigor das almas que discursam num plenário
também as moças que fazem programa
que tomam caldo de cana no primeiro horário
Percebo o humano e a sua ambiguidade
não gosto apenas de falar de amor
mas do bruto, mortal, puro, sério e selvagem
impulso, perversão, ira, paixão e rancor
Mas como eu dizia eu venho notado
um ar de tristeza presente e frequente em minha geração
mas ao menos aqui nessa história
a vida se resolve na canção
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7. |
Berlim
03:32
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Você não me conhece
pelo que parece
jamais conheceu
não sabe da razão
e sua impressão
não me convenceu
Não sabe de mim,
não sabe da dor que carrego
se me apego ao seu jeito
dou razão a um sujeito
que de mágoa está cego
Se em algum momento ousares
dizer que sabes quem sou
serás condenado à mentira
leve embora sua ira
deixe em paz quem você amou
Você não compreende
não entende de nada
muito menos de mim
sempre fala de amor
mas é ao rancor
que sua alma se vende
Não percebe o erro
em me destratar
e sequer me ouvir
mas, atrás de você
jamais vais me ver
meu destino é seguir
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8. |
Depois
04:06
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quando você está
é quando em casa eu fico
como é que eu explico
um grande amor assim?
que não há de morrer
há de ser para sempre
quando você vem
é quando eu me sossego
como é que desapego
da tua presença?
no depois que você pensa
há espaço pra mim?
na viagem das mãos
que vão do teu cabelo
a um canto de amor belo
pro meu bonito voltar
você surge então
já não existe medo
eu e você manhã cedo
vivendo horas do depois
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9. |
Terra de Clarice
02:12
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10. |
Janelas II
03:46
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Fim de noite, semana
Lâmpadas amarelas
vizinhos prédios são
Painéis de Janelas
Panos e Persianas
Quadradas e singelas
Algumas delas são
Costuradas com telas
Vejo a constelação
inaugurando a janela
O luar do sertão
beijando a passarela
E na televisão
segunda sem novela
Um pedaço de pão
pintado numa aquarela
O som do violão
dedilhando o nome dela
dela, dela, dela, dela
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11. |
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tua blusa parece a rede
parece a parede
também amarela
que cata um bicho voador
asa parece flor
se numa olhadela
o pouco do fundo que eu via
parece fotografia
pedaço de janela
você repousa num beiral
como fosse um varal
pendurando uma tela
eu vou te tirar da cidade
pra felicidade do interior
dançar à beira da fogueira
e pisar de rasteira
no chão vermelho
o sereno molhando a mata
sob uma névoa prata
fumaça e farol
se arranjam num colar divino
o inverno junino e a timidez do sol
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